🕯️ Ato na Catedral da Sé marca 40 anos do assassinato de Vladimir Herzog e denuncia impunidade dos torturadores

O ato ecumênico contou com a presença de religiosos, amigos e familiares, entre eles a viúva Clarice Herzog e o filho, Ivo.

Clarice lembrou que, mesmo passadas quatro décadas, os responsáveis pelo crime nunca foram punidos. “Os torturadores continuam impunes, alguns ainda trabalhando para o Estado. O Exército deveria ter coragem de dizer quem fez isso”, afirmou.

Durante a cerimônia, o público cantou “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré — canção que se tornou símbolo da resistência à ditadura. O clima era de emoção e indignação, com faixas pedindo “memória, verdade e justiça”.

Ivo Herzog destacou que a violência do Estado ainda não ficou no passado. “A polícia militar segue sendo a que mais mata no mundo. A diferença é que hoje podemos denunciar”, disse.

O ato também lembrou a histórica manifestação de 1975, quando milhares de pessoas ocuparam a Praça da Sé para protestar silenciosamente contra o assassinato de Vlado — um dos primeiros grandes gestos de enfrentamento ao regime e um marco no processo de redemocratização do país.

Vladimir Herzog era diretor da TV Cultura e foi acusado de militância no Partido Comunista Brasileiro. Mesmo se apresentando voluntariamente ao DOI-CODI para depor, foi preso, torturado e assassinado. A versão oficial de “suicídio” foi desmentida por provas e pela luta de sua família.

O nome de Herzog se tornou símbolo da defesa da liberdade de imprensa e dos direitos humanos no Brasil. Seu legado segue vivo — lembrando que não há democracia sem memória, e que a impunidade de ontem ainda alimenta as violências de hoje.