Crise humanitária e genocídio em vigor: O "plano humanitário" nefasto dos EUA e de Israel que assassinou dezenas de inocentes em 24h

Ajuda humanitária como isca para genocídio calculado, esta é a ponta do iceberg do método sionista de colonização.

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Matheus Psssoa

8/1/20255 min ler

O genocídio do povo palestino continua em vigor, dezenas de pessoas foram mortas em apenas 24h em Gaza

Gaza, 31 de julho de 2025 – A Faixa de Gaza testemunhou mais um capítulo de sua tragédia humanitária nos dias 30 e 31 de julho de 2025, com dezenas de palestinos mortos e centenas feridos, muitos deles enquanto buscavam desesperadamente por ajuda humanitária. Este cenário de violência e privação extrema não é um incidente isolado, mas a manifestação contínua de um projeto ideológico e materialista que naturaliza a desumanização e a eliminação do povo palestino.

Na quarta-feira, 30 de julho, um funeral foi realizado em Khan Younis para palestinos que foram mortos por fogo israelense enquanto tentavam receber ajuda. Mais de 70 pessoas foram mortas em incidentes relacionados à busca por assistência, com fontes médicas relatando 71 óbitos. O Gabinete de Meios de Comunicação do Governo de Gaza informou que 51 pessoas foram mortas e mais de 648 ficaram feridas por forças israelenses enquanto se dirigiam ao ponto de passagem de Zikim para caminhões de ajuda. Hospitais como o Shifa, na Cidade de Gaza, receberam 12 corpos de um tiroteio em Zikim, enquanto o Hospital Nasser, em Khan Younis, recebeu 16 corpos de pessoas mortas perto do corredor de Morag. Além da violência direta, sete crianças morreram de fome neste dia, elevando o total de mortes por desnutrição para 154. A Al Jazeera também relatou que pelo menos 83 palestinos, incluindo 33 que procuravam ajuda, foram mortos desde o amanhecer.

A violência continuou implacável na quinta-feira, 31 de julho. Dezenove pessoas que procuravam ajuda foram mortas por soldados israelenses fora dos pontos de distribuição no centro da Faixa de Gaza e em Rafah. A Al Jazeera informou que pelo menos 51 palestinos foram mortos desde o amanhecer, incluindo 23 que procuravam ajuda. Nas 24 horas que antecederam a publicação do artigo em 31 de julho, pelo menos 91 pessoas foram mortas e 600 feridas enquanto esperavam por ajuda. O ReliefWeb reportou que, entre 30 e 31 de julho, 105 palestinos foram mortos e 680 feridos ao longo das rotas de comboios e nas proximidades dos locais da Gaza Humanitarian Foundation (GHF). Além disso, mais dois bebês e um jovem morreram de fome, elevando o número total de mortes relacionadas à fome desde o início da guerra para 159, com pelo menos 90 crianças entre as vítimas. Desde maio, mais de 1.000 palestinos foram mortos enquanto buscavam ajuda, a maioria perto de locais operados pela GHF. O número total de mortos na guerra de Gaza desde outubro de 2023 já ultrapassa 60.249 pessoas, com 147.089 feridos.

A crise humanitária é exacerbada por um bloqueio rigoroso e restrições severas à entrada de ajuda. Agências da ONU alertam que a ajuda que entra em Gaza permanece "muito abaixo dos níveis necessários". A UNRWA, a agência da ONU para os refugiados palestinos, não foi autorizada a trazer suprimentos humanitários por mais de quatro meses. A Organização Mundial da Saúde (OMS) descreveu a situação como uma "tragédia provocada pelo homem", reforçando a ideia de que a fome é uma ferramenta de guerra. A controversa Gaza Humanitarian Foundation (GHF), apoiada pelos EUA e Israel, substituiu o sistema apoiado pela ONU. Um denunciante da GHF descreveu o assassinato de uma criança (Amir) após coletar ajuda, acusando o exército israelense de abrir fogo contra multidões. Alegações de que os locais da GHF estão equipados com reconhecimento facial para coleta de informações também surgiram.

A Naturalização Ideológica da Violência:

Os eventos recentes em Gaza não podem ser compreendidos isoladamente, mas devem ser analisados através de uma lente materialista histórica dialética que expõe as raízes do sionismo como um projeto colonial de povoamento e a subsequente naturalização ideológica da violência.

O sionismo, como movimento, emergiu de desenvolvimentos políticos na Europa do século XIX, postulando os judeus como uma nação com direitos nacionais na Terra de Israel. Embora muitas vezes apresentado como uma resposta ao antissemitismo, sua gênese também ocorreu em um período de emancipação judaica na Europa. A afirmação de um estado judeu em um território já habitado implicou a "desqualificação dos árabes palestinos", estabelecendo uma contradição fundamental em sua origem. As diversas correntes do sionismo, do trabalhista ao revisionista, traduziram-se em estratégias materiais para adquirir terras e controlar a força de trabalho, como o "trabalho hebraico" e a criação de kibbutzim.

Acadêmicos caracterizam o sionismo como uma forma de colonialismo de povoamento, que visa substituir a população nativa em vez de explorá-la. Esta é uma "estrutura, não um evento", o que significa que a "eliminação" dos palestinos é um processo contínuo, incorporado nas políticas e instituições. Exemplos históricos incluem a Nakba de 1948, que resultou na expulsão forçada de 750.000 palestinos e na destruição de 500 aldeias, e as políticas de imigração que promovem a imigração judaica ilimitada enquanto negam a reunificação familiar para cidadãos palestinos. O "paradoxo do 'retorno' e da 'eliminação'" no sionismo colonial de povoamento mascara e justifica o deslocamento contínuo, apresentando-o como um ato de auto-libertação.

A naturalização ideológica da violência é alcançada através de mecanismos de desumanização sistemática no discurso sionista. Narrativas como "legitimar o eu e deslegitimar o outro", "negação da coetaneidade" (retratar o "Outro" como menos desenvolvido) e "ver o Outro como objeto" reduzem os palestinos a entidades inanimadas, facilitando a violência. A retórica de "não há inocentes" é particularmente perigosa, responsabilizando coletivamente os palestinos pelas ações do Hamas e negando a distinção entre civis e combatentes. Autoridades israelenses e a conta oficial do governo no X (antigo Twitter) têm promovido abertamente essa ideia. Tropos orientalistas também contribuem, demonizando homens árabes muçulmanos como inerentemente agressivos e propensos ao terrorismo. O Primeiro-Ministro israelense, Benjamin Netanyahu, referiu-se aos palestinos como "animais humanos" e "filhos das trevas", reforçando essas narrativas desumanizadoras.

A mídia ocidental e as instituições desempenham um papel crucial na normalização dessa violência. Meios de comunicação nos EUA, como o The New York Times e o The Washington Post, empregam técnicas de desumanização, como impessoalidade e linguagem hostil, enquanto humanizam as experiências israelenses. Isso cria uma câmara de eco onde as narrativas desumanizadoras são normalizadas, moldando a opinião pública e neutralizando a indignação. Instituições acadêmicas israelenses também têm desempenhado um "papel fundamental na produção de conhecimento e capacidades que justificaram e permitiram diferentes formas de violência contra os palestinos". O conceito de "Educídio", a destruição sistemática de infraestruturas educacionais e o assassinato direcionado de estudantes e educadores, ilustra uma forma de genocídio cultural e intelectual, visando destruir os meios de reprodução cultural e formação de identidade palestina.

A ligação entre essas narrativas desumanizadoras e a "poética do genocídio" é fundamental. Essa "poética" explora como o discurso molda a "imaginação, os contornos e as direções da violência genocida", enraizada em uma visão de mundo dominada por inimigos cuja eliminação é vista como uma questão de sobrevivência. Ao despojar sistematicamente os palestinos de sua humanidade, as barreiras morais para infligir violência extrema são desmanteladas. Os interesses materiais subjacentes a essa naturalização ideológica incluem manter o controle sobre a terra e os recursos, assegurar um "ponto de apoio estratégico na região" e proporcionar lucros aos "fabricantes de armas".

Em suma, as mortes recentes em Gaza são um sintoma de um projeto colonial de povoamento em curso, sustentado por uma ideologia que desumaniza e justifica a eliminação. O "genocídio do povo palestino continua em vigor" não apenas como uma série de eventos trágicos, mas como um processo estrutural e ideologicamente enraizado.