Morre aos 100 anos a militante comunista Clara Charf

Faleceu nesta segunda-feira (3), em São Paulo, a histórica militante comunista Clara Charf, aos 100 anos de idade. Clara dedicou toda a vida à luta por justiça social, direitos das mulheres e democracia popular. Foi companheira de Marighella e lutou ao lado dele contra a ditadura militar.

A informação foi confirmada pela Associação Mulheres pela Paz, organização fundada e presidida por ela. Clara estava internada há alguns dias e morreu de causas naturais.

Em nota, a diretora da entidade, Vera Vieira, escreveu:

“Clarinha foi do tamanho dos seus 100 anos. Uma vida inteira dedicada à liberdade, à solidariedade e à paz. É difícil dizer que ela se foi, porque sua força permanece em cada uma e cada um de nós.”

Nascida em Maceió (AL), em 1925, filha de judeus russos que fugiram da perseguição antissemita, Clara cresceu no Recife e, ainda jovem, mergulhou na militância comunista. Aos 21 anos, ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e, décadas depois, ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT).

Durante a ditadura militar, participou da Aliança Nacional Libertadora (ALN), ao lado de Marighella, e teve seus direitos políticos cassados em 1964. Viveu anos de perseguição, clandestinidade e exílio.

Clara e Marighella foram companheiros de vida e de luta por quase 20 anos, até o assassinato do dirigente comunista pela ditadura, em 1969.

Mesmo após o fim do regime, Clara seguiu atuando na defesa dos direitos humanos, da igualdade de gênero e da memória das lutas revolucionárias. Sua trajetória é parte viva da história do povo trabalhador e da resistência antifascista no Brasil.

Hoje, o país se despede de uma mulher que jamais se curvou ao medo. Clara Charf vive em cada luta por um mundo mais justo e humano.