O dia em que a extrema direita foi engolida em Epping.
Organização anti racista leva mais de mil pessoas a rua em resposta a ato neo nazista.
MATHEUS PESSOAECONOMIAPOLÍTICAINTERNACIONALNOTÍCIAS
8/1/20253 min ler


Eles Queriam Racismo, Encontraram Revolução: o dia em que a extrema-direita foi engolida pela resistência em Epping
“O racismo é filho direto do capital e braço ideológico do império.” — anota aí.
Epping é uma daquelas cidades que parecem fabricadas pra caber na ideia de “ordem e progresso” britânica: maioria branca, idosa, eleitores conservadores, pouco barulho, muita vigilância. Só que quando decidiram transformar um hotel cheio de refugiados em símbolo da “invasão estrangeira”, a extrema-direita local não contava com uma coisa: a rua não é mais deles.
Quem ocupou as calçadas, empunhou faixas, fez barulho e gritou até rasgar a garganta foi a esquerda. Foi o povo. Gente organizada por sindicatos, juventude antirracista, moradores dos bairros, vizinhança que cansou de engolir migalha enquanto político burguês chama de “crise migratória” o que é, na real, consequência direta da pilhagem imperial.
Capitalismo e racismo: dois lados do mesmo cassetete
Vamos direto ao ponto. Racismo não é um acidente. Nem cultura. Nem “falta de empatia”. Racismo é engrenagem. É ferramenta de governo. É, como escreveu Fanon, a racionalização da exploração, a normalização da hierarquia entre quem lucra e quem sangra.
No capitalismo tardio, o racismo cumpre dois papéis: divide a classe trabalhadora e justifica a guerra colonial permanente. Por isso que em toda crise europeia tu vê a mesma receita: mídia semeia medo, governo espalha ódio e a extrema-direita faz o serviço sujo nas ruas. Um teatro montado pra proteger a propriedade privada e desviar a revolta da periferia global.
Mas Epping deu errado.
Youth Demand: o nome é novo, a estratégia é velha (e boa)
O movimento Youth Demand não inventou nada — e isso é elogio. O que fizeram foi repetir a cartilha da história revolucionária: organização de base, confronto direto, desobediência civil e tática de desgaste.
Lenin, Marighella, Guevara, Hampton, todos apontaram: onde o Estado reprime, a massa se mobiliza. E onde a massa se mobiliza, nasce a possibilidade de ruptura.
Eles panfletaram antes. Reuniram gente em assembleia. Deram nome aos bois. Enfrentaram policial. Deram exemplo. Resultado: enquanto a extrema-direita esperneava pela “pureza da nação”, os antifascistas mostraram na prática o que é internacionalismo proletário.
“Refugiados são bem-vindos.”
Não como gesto de caridade — mas como posição política.
Revolta em terreno inimigo: por que isso importa?
O que aconteceu em Epping não é só bonito. É estratégico. É uma rachadura na hegemonia do discurso imperial. Quando uma cidade conservadora vira palco de resistência de massa, é sinal de que a burguesia já não dorme tranquila.
Stalin dizia: a luta ideológica precede a luta armada. O que se viu ali foi exatamente isso — um território que parecia perdido sendo reocupado, reimaginado, reconectado à luta global contra o imperialismo.
Isso também desmonta uma falácia que muita esquerda liberal insiste em repetir: que o antirracismo é “identitário”, que “divide a classe”. Nada mais falso. O que divide a classe é o silêncio. É o pacto da branquitude com o capital. É a conivência com a polícia, com a fronteira, com a bala de borracha.
O antirracismo, quando é revolucionário, é cola. Junta gente. Explica o mundo. Mostra que a cor da pele não é barreira — é alvo.
Conclusão: da Inglaterra ao Brasil, o fio é o mesmo
O que vimos em Epping é o mesmo que a gente vê nos cortiços de São Paulo, nas ocupações do Recife, nas favelas do Rio, ou nas quebradas de Fortaleza. O que muda é o CEP — mas o patrão, o cassetete e o discurso são os mesmos.
É papel nosso, enquanto comunistas, reconhecer esse fio, puxar esse novelo e esticar até romper.
Porque como dizia Guevara:
"Se você é capaz de tremer de indignação diante de qualquer injustiça, em qualquer parte do mundo, então somos camaradas."
E se tem uma lição que esse protesto ensinou pra todo mundo que ainda acha que a Europa tá perdida, é a seguinte:
Não tem território burguês que a luta de classe não possa reocupar.
Leituras para manter o punho fechado e o olho aberto:
* Frantz Fanon – Os Condenados da Terra
* V. I. Lenin – O Imperialismo, Etapa Superior do Capitalismo
* Fred Hampton – Discursos coletados
* J. Stalin – Fundamentos do Leninismo
* Carlos Marighella – Minimanual do Guerrilheiro Urbano
* Che Guevara – O Socialismo e o Homem em Cuba
* Youth Demand – panfletos e mobilizações (repositórios online)
* Stand Up To Racism – relatórios e documentos de base
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