Trump demite chefe do BLS, acusa fraude em dados e abala mercados com nova crise institucional
Um pouco dos dados do relatório e uma análise da decisão de Trump.
MATHEUS PESSOAECONOMIAPOLÍTICAINTERNACIONALNOTÍCIAS
8/1/20253 min ler


Trump demite chefe do Bureau of Labor Statistics após relatório fraco de empregos e levanta suspeitas sobre manipulação de dados
Washington, 1º de agosto de 2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald J. Trump, anunciou nesta sexta-feira a demissão de Erika McEntarfer, comissária do Bureau of Labor Statistics (BLS), após a divulgação de um relatório de empregos abaixo das expectativas de mercado. O documento, publicado no início da manhã, reportou a criação de apenas 73 mil empregos no mês de julho, número significativamente inferior às projeções de 109 mil vagas e acompanhado de uma revisão negativa dos dados de maio e junho em 258 mil postos de trabalho.
Em declaração feita por meio de sua rede social, Truth Social, Trump acusou a comissária de “falsear deliberadamente os dados para atingir objetivos políticos”, sem apresentar evidências que sustentem as alegações. A decisão de exoneração foi imediatamente seguida por reações adversas nos mercados financeiros, com o índice S&P 500 registrando queda de 1,6%, seu maior recuo diário em mais de dois meses. Analistas apontam que a instabilidade gerada pela ruptura institucional com o BLS reforça a desconfiança generalizada em relação à condução econômica sob influência política direta.
A demissão reacende o debate sobre a independência técnica dos órgãos estatais responsáveis pela estatística pública nos Estados Unidos, historicamente vistos como instrumentos administrativos neutros. Contudo, à luz das contradições evidentes do atual estágio do capitalismo financeiro, analistas críticos apontam que a tentativa de Trump de imputar à técnica a culpa por um dado estrutural — a desaceleração do emprego — revela uma estratégia de contenção ideológica frente à crise do próprio modo de produção vigente.
A reação de setores do empresariado e da imprensa liberal estadunidense foi ambígua. Embora condenem publicamente o caráter abrupto da exoneração, diversos representantes do capital financeiro demonstram preocupação prioritária com os efeitos do episódio sobre a volatilidade do mercado e a previsibilidade dos indicadores econômicos, em detrimento da discussão sobre a transparência institucional e os interesses de classe em jogo.
Organizações de trabalhadores e economistas críticos ressaltaram que a queda na geração de empregos reflete não apenas oscilações conjunturais, mas um esgotamento mais profundo do modelo neoliberal de gestão econômica, baseado na financeirização da produção e na precarização do trabalho. Para esses setores, a tentativa de “culpar os números” e silenciar tecnocratas serve para manter a aparência de estabilidade política e evitar que a crise se converta em mobilização social organizada.
O caso lança luz sobre a crescente disputa simbólica em torno da produção e circulação de dados oficiais no interior do Estado burguês. A substituição de McEntarfer por uma figura alinhada ao trumpismo mais estrito, ainda não anunciada formalmente, é vista por especialistas como indicativo de uma ofensiva de controle ideológico sobre os instrumentos de leitura da realidade social — convertendo o campo estatístico em mais uma trincheira de luta de classes no coração do imperialismo.
Resumo do Relatório de Emprego dos EUA – Julho de 2025 (BLS)
“O total de empregos não agrícolas aumentou em apenas 73 mil em julho, número muito abaixo das projeções.”
“As revisões para os meses anteriores retiraram 258 mil empregos das estimativas anteriores de maio e junho.”
“A taxa de desemprego manteve-se em 4,1%, com destaque para 6,5% entre negros e 4,9% entre hispânicos, revelando desigualdades persistentes.”
“O salário médio por hora subiu 0,2%, atingindo US$ 35,13, mas sem impacto relevante no quadro geral de desaceleração.”
“A jornada média semanal caiu para 34,2 horas, indicando retração na demanda por força de trabalho."
“Havia 5,5 milhões de pessoas fora da força de trabalho que desejavam um emprego, mas não estavam incluídas nas estatísticas oficiais de desemprego.”
Esses dados foram o estopim para a demissão de Erika McEntarfer, chefe do Bureau of Labor Statistics, pelo ex-presidente Donald Trump — que alegou, sem provas, manipulação dos números.
BOLCHENEWS
Fique por dentro das últimas notícias
contato
© 2025. All rights reserved.